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O Nordeste sempre deu bons motivos para o cinema brasileiro, seja no Cinema Novo ou na atualidade, e ele está presente e atualíssimo no filme "Luzia Homem", terceiro longa metragem de Fábio Barreto, realizado no sertão cearense, com a atriz Cláudia Ohana no papel principal. O roteiro de Fábio e Tairone Feitosa foi retirado do livro que tem o mesmo nome, do escritor Domingos Olímpio (escrito em 1902), e relata a história de uma linda mulher criada como vaqueira que, apesar de possuir uma grande força física tem também uma beleza que seduz os homens.

A música é uma das coisas mais belas do filme, porque também faz parte do enredo, traduzindo os sentimentos de Luzia. "A música é a alma do filme, porque ele tem um personagem muito interiorizado e intimista. Onde a mudez de Luzia está, entra a música - declara Fábio Barreto."

A música de Ednardo se funde com Luzia e a paisagem árida do Nordeste, criando um audiovisual dos mais bonitos do cinema brasileiro

O músico cearense Ednardo, fez as dez músicas que compõem a trilha do filme, dividindo a interpretação na faixa "Arraial" (uma das partes da trilha, onde a música tem letra), com Cláudia Ohana que graças a persistência e empenho de Ednardo, resultou numa interpretação de voz, bonita e profissional da atriz.

A música no filme é tão importante que Ednardo fez uma espécie de parceria com o diretor Fábio Barreto: Ednardo é ator no filme, interpretando um cordelista que resolve decifrar a vida de Luzia Homem ( que ele encontra por acaso, dando-lhe esse nome). O cordelista promete fazer um livreto inteiro cantando Luzia como num musical.

Essa interferência da música no enredo não é forçada. Vai se percebendo aos poucos que é até necessária.

O interessante, é que a música de Ednardo não é regionalista, no sentido estreito da palavra. Foram 25 músicos trabalhando com ele - a trilha musical em momentos grandiosos, tem orquestra, percussões incríveis- como na música de abertura "Luzia Homem" e "Pégasus", em outros intimistas, como em "Grão", tem Ednardo cantando na pele de ator.

Ednardo acompanhou toda a mixagem da trilha no filme durante um mês, nos estúdios Álamo, em São Paulo, após os trabalhos diários nos sets de filmagem durante dois meses acrescentados dos trabalhos de composição e gravações em estúdio, que levaram mais três meses, - disse que realizou na música e mixagem tanto o que se chama de regional como o que se faz em New York, pela primeira vez no Brasil se utilizou em filme nacional o sistema dolby stereo com surround, (que permite o efeito de se sentir a música e efeitos sonoros, vindos de diversos pontos da sala de projeção, envolvendo o espectador numa espécie de aquário de sensações auditivas). "Este filme é assim. Num lugar miserável e ao mesmo tempo rico, fazendeiros, moradores sem terra, vaqueiros, bois, se misturam com a usina de urânio, num cenário belo e também de agreste paisagem, na trama de interesses, amor, dinheiro, vinganças, competições reais no nordeste atual". Ó