Idos de março, 1979. Quatro dias de festa no vetusto Theatro José de Alencar.
No palco, de tudo um pouco, a fazer jus ao nome, uma feira massa!
O rock psicodélico do Perfume Azul, com o Miguel e sua cabeleira loura enlouquecendo as menininhas, eu, no frescor dos 19 anos, incluída. Mona Gadelha e sua levada blues. Calé Alencar em baladas equatoriais. Ângela Linhares rodando cirandas.

O Pessoal do Ceará (Ednardo, Fagner, Belchior, Rodger Rogério, Teti) e o novíssimo pessoal. Tazo Costa. A turma do Crato. Petrúcio Maia, Augusto Pontes, Sérgio Pinheiro (entre caixas e bigodões). Patativa do Assaré. Além do som, teatro e artes plásticas e fotografia e vídeos e artesanato.

De tudo um pouco, livremente. Nesse tempo, eu já estava na faculdade. Estatística (só pra teimar com mamãe).
Pois foi no Campus do Pici que vi o cartaz, um papel pardo com um carneiro de chifres torcidos que anunciava a Massafeira.
Ensaiando vôos e desobediências, passei quatro noites de encantamento naquele teatro onde só tinha visto uma penosa Paixão de Cristo.
Madrugadas de delírios, acompanhadas por luares loucos nas mesas úmidas de maresia do Estoril, na velha Praia de Iracema de tantas gandaias sobre a ponte periclitante.
As ondas quebrando nas longarinas anunciando o sonho. Vento e varal. Vejo você. Deitar na rede e balançar. Se a morte vier me encontrar, ela sabe que estou entre amigos. Falando da vida e bebendo no bar. Aquilo, sim, minhas crianças, foi um festival... 

Eleuda de Carvalho

 

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